Viva a Diversidade
Separei alguns personagens em que gosto muito e representam a diversidade nos quadrinhos!
Homem de Gelo
oram necessárias várias décadas até que um dos membros fundadores dos X-Men se revelasse como homossexual. Bobby Drake, o mutante conhecido como Homem de Gelo, teve duas saídas do armário no mesmo ano.
No universo Marvel atual, existem dois Bobby Drake que são, na verdade, a mesma pessoa de épocas diferentes. Vários jovens mutantes, como Homem de Gelo e Jean Grey, foram trazidos do passado para o presente e agora convivem com as versões adultas deles mesmos.
Em 2015, o Homem de Gelo adolescente foi confrontado por Jean Grey (também ela em sua versão jovem) sobre a sua orientação sexual. Graças aos seus poderes telepáticos, Jean rapidamente descobriu o segredo de Bobby e falou com ele antes de o mutante admitir isso para ele mesmo. No início, ele negou tudo, mas, perante a abertura e aceitação de Jean, Bobby decidiu assumir sua verdadeira identidade.
Ainda no mesmo ano, o jovem decidiu falar e explorar as suas dúvidas com o Homem de Gelo mais velho. Durante essa conversa, o Bobby Drake que conhecemos desde os anos 1960 finalmente admitiu que era gay. Durante anos, existiu o rumor entre os fãs sobre a orientação sexual do mutante, mas nada passou de especulações e alguns detalhes deixados por explorar nas histórias.
Embora a saída do armário seja vista como “forçada” por Jean Grey, não deixa de ser curioso que a verdade de Bobby Drake tenha surgido graças a ele mesmo.
Batwoman
A Mulher Morcego surgiu nos anos 1950 como a contraparte feminina do Batman. Juntos, eles viveram um dos muitos romances de Bruce Wayne. Mas a Batwoman dos dias de hoje não é a mesma de meados do século XX.
Kate Kane é a personagem que agora encarna a identidade da super-heroína e ela não está nem aí para Batman. Kate foi uma militar excepcional até ser expulsa da sua carreira no exército, quando decidiu não fingir ser heterossexual e assim desafiar a lei que proibia os militares de serem assumidamente homossexuais.
Mas sair do exército abriu o caminho para Kate se tornar a vigilante mascarada. A atual Batwoman teve um relacionamento longo com Reneé Montoya. Mas foi com a policial Maggie Sawyer que Kane fez história, protagonizando, inclusive, o primeiro pedido de casamento lésbico na história dos quadrinhos.
Infelizmente, a DC deu um passo atrás com o seu progresso e proibiu os criadores de Batwoman de mostrarem o casamento. A posição oficial da editora foi de que os super-heróis têm a missão de sacrificar suas vidas pessoais para defenderem todos que precisem da sua ajuda. Os criadores J.H. Williams e W. Haden Blackman se demitiram em protesto pela decisão da DC.
Estrela Polar
Jean-Paul Beaubier ficou marcado na história da Marvel como o primeiro super-herói gay assumido da editora. Sua homossexualidade era algo há muito planejado pelos seus criadores, mas os códigos de moral da época não permitiam nada mais que sugestões deixadas em aberto.
Com a epidemia de AIDS nos anos 1980 e início dos 1990, existia um clima de ansiedade generalizado em relação à doença e à sua ligação à comunidade LGBT. Em 1992, o mutante Estrela Polar se tornou um dos super-heróis a sensibilizar o público para essa temática.
Na HQ Alpha Flight Vol. 1 #196, Jean-Paul descobre uma bebê abandonada que tinha nascido com AIDS. O mutante adota a menina e dá a ela o nome de Joanne. Infelizmente, a bebê falece após algumas semanas e Estrela Polar fica profundamente afetado com esta tragédia. Simultaneamente, Major Plátano, outro super-herói canadense da Tropa Alfa, entra em uma espiral de raiva e depressão com a morte do seu filho também infectado com AIDS.
O falecimento e a causa de morte dos seus filhos aproximam os heróis e levam à revelação de Jean-Paul. Estrela Polar decidiu se assumir publicamente como gay com a esperança de chamar a atenção de todos para os direitos LGBT e para a prevenção da AIDS. Mais tarde, Jean-Paul se tornaria ativista e escreveria uma autobiografia sobre a sua vida como mutante e gay.
Em 2012, Jean-Paul Beaubier casou com Kyle Jinadu, seu namorado de longa data. Na cerimônia, estiveram presentes vários super-heróis, entre eles uma mutante que teve duas mães: Vampira. Durante o casamento de Estrela Polar, Vampira diz que não consegue deixar de pensar se suas mães teriam gostado de se casar, em uma referência a Mística e Sina.
Constantine
O cínico e badass John Constantine é bissexual, e sua orientação sexual é tratada da forma mais normal possível. Um dos grandes anti-heróis da DC Comics, Constantine mencionou sua bissexualidade casualmente em 1992, explicando que tinha namoradas e namorados (e como rapidamente essas relações terminavam).
Desde então, referências à sua orientação sexual têm sido tratadas sempre desta forma, algo que contrasta com as grandes revelações de outros personagens. Para John Constantine, o fato de ser bissexual é apenas uma faceta da sua identidade e suas histórias não se focam exclusivamente nesse detalhe do personagem.
Hulkling e Wiccano
O casal adolescente Hulkling e Wiccano é um dos mais famosos romances LGBT da Marvel. Desde o início, a homossexualidade e relação dos personagens foram completamente assumidas e tratadas com naturalidade.
Os dois super-heróis foram membros dos Jovens Vingadores durante vários anos, uma equipe que sempre teve uma abordagem inclusiva e não discriminatória (America Chavez também fez parte do time).
Wiccano e Hulking são agora Vingadores oficiais e estão noivos.
Mulher-Gato
Selina Kyle nunca foi tímida em usar sua sensualidade para alcançar os seus objetivos e manipular qualquer um. Desde sempre que Mulher-Gato tem uma imagem hipersexualizada, e o flerte com homens e mulheres fazia parte dessa construção da personagem; mas em relação à própria orientação, Selina nunca tinha passado das palavas aos atos.
Até 2015, quando a roteirista Genevieve Valentine inscreveu a bissexualidade no cânone da Mulher-Gato. O primeiro beijo entre Selina e uma outra mulher aconteceu de forma inesperada, até para a própria anti-heroína. A autora fez questão de afirmar que isto não se tratava de um truque para aumentar as vendas e que ia ao encontro da verdade sobre Selina:
“Ela já flerta com essa ideia – muitas vezes literalmente – há vários anos; para mim, isso é mais uma confirmação do que uma revelação.”
Genevieve Valentine acrescentou que a atração de Selina por mulheres não fez ela se esquecer Batman, até porque, como a roteirista afirma, “não é assim que a bissexualidade (ou a humanidade) funciona”.
Deadpool
O coração de Wade Wilson é uma festa aberta a todo o mundo. Deadpool é várias vezes descrito como sendo pansexual, ou seja, ele é atraído por todo tipo de pessoas, independentemente do seu gênero ou orientações sexuais.
Fabian Nicieza, um dos criadores de Deadpool afirmou que ele não tem uma categoria definida para a sua sexualidade e que quem o quer definir desse jeito não entende o personagem. Segundo Nicieza, a orientação sexual de Wade muda a toda a hora, algo que vai ao encontro da sexualidade fluída que sempre caracterizou o anti-herói.
Só uma coisa é certa com o Mercador Tagarela: seu crush pelo Homem-Aranha não vai desaparecer nunca.
Poderoso e Gravidade
O casal de super-heróis Poderoso e Gravidade surgiu na revista Legião dos Super-Heróis da DC Comics, uma equipe do futuro, mais detalhadamente, do século XXX. Poderoso era Jedediah Rikane, que tinha super-força e invulnerabilidade, já Gravidade era Tel Vole, que podia controlar a gravidade ao seu redor.
A história dos dois acontece na Academia da Legião e é rodeada de muito respeito e companheirismo. Quando eram estudantes, Gravidade era um ótimo aluno que poderia se tornar um legionário oficial, mas desistiu do cargo, quando Poderoso foi rejeitado e teve que assumir posição na Polícia Espacial em outro lugar. Gravidade decidiu acompanhar seu parceiro para continuarem juntos.
Mística
Raven é bisexual! Sendo até meio óbvio quando se fala no poder de transmutação. Mística sempre foi uma vilã sensual e se relacionou com quase metade dos vilões de X-men. Mas um relacionamento bem especial dela foi a mutante Sina, Irene Adler, com quem casou e criou uma filha adotiva por mais de 10 anos. A menina viraria a mutante Rogue anos depois.
Mulher-Maravilha
Pense nisso: em uma sociedade utópica unicamente composta por mulheres, fará sentido falar em homossexualidade? Se Themyscira apenas tem pessoas do gênero feminino, o conceito de heteronormatividade simplesmente não existe.
Durante vários anos, os fãs da Mulher-Maravilha especularam se a super-heroína seria lésbica ou bissexual devido à sua origem. Em 2016, o criador Greg Rucka confirmou oficialmente que Mulher-Maravilha se apaixonou e teve relacionamento com mulheres, mas o autor não define isso como sendo simplesmente gay. Rucka afirma que:
“[...] uma Amazona não olha para outra Amazona e diz ‘Você é gay.’ Elas não fazem isso. O conceito não existe”.
Esta confirmação causou um impacto tremendo no mundo dos quadrinhos, mas em nada alterou a essência da super-heroína. Apenas foi revelado que a guerreira Amazona nunca verá o amor de um jeito preto e branco como a maioria das pessoas – e não há nada de errado nisso.